sábado, 28 de janeiro de 2012

1ª Plenária Estadual da MMM/RJ de 2012 - dia 11 de fevereiro

Queridas  companheiras,

Nossa plenária será realizada dia 11 de fevereiro (sábado) e a programação será de 09h30min às 14h como definimos nas plenárias do ano passado. A Plenária será na CUT-RJ , que fica na  Av. Presidente Vargas 502, 15º andar, Centro, Rio de Janeiro.

Vamos mobilizar o máximo de companheiras  para o nosso reencontro  pois  temos muitas desafios e tarefas  para o ano que se inicia.

Atenção para a pauta e não se esqueça de trazer algo bem gostoso para lancharmos!

09h30min – Conversa Informal + Café da Manhã
09h45min - Dinâmica de Abertura da Plenária
10h – Divisão em Grupos para ler  textos sobre 08 de Março – grupos deverão debater o texto e propostas de ação em MARÇO de 2012.
11h30min– Apresentação dos Grupos e Aprovação das Atividades  referentes ao 8 de Março.
12h – Dinâmica de Mobilização.
12h15min – Informes da Rio + 20 12h30min – Divisão em Grupos para debater o tema Rio + 20
13h – Apresentação dos Grupos e Aprovação de Atividades  referentes ao tema
13h 30min – Considerações  finais, outros encaminhamentos necessários  de agenda e funcionamento em 2012, informes gerais ...
14h Dinâmica de Encerramento.

O lanche estará sendo servido a todo momento para que  cada uma vá pegar conforme tenha necessidade/fome. Não haverá uma parada pois a plenária não será de todo.

Convoquem outras companheiras, vamos todas juntas, mulheres em movimento mudar o mundo para mudar a vida das mulheres!

Seguiremos em Marcha! Até que todas sejamos livres!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Programação da MMM no Fórum Social Temático


Programação prioritária da MMM no Fórum no Fórum Social Temático em Porto Alegre:

Dia 24 de janeiro
15h - Marcha de Abertura Concentração no Largo Glênio Peres

Dia 25 de janeiro
9h - Feminismo e Ecologia: Mulheres em Luta contra o Capitalismo Verde
Local: Casa de Cultura Mário Quintana, Sala Lili Inventa o Mundo

13h30 – Plenária da Marcha Mundial das Mulheres
Local: Plenarinho Assembléia Legislativa, 3º Andar

Dia 26 de janeiro
10h - Construindo a democracia Real: democracia participativa e ferramentas digitais
Local: Auditório SindBancários: Rua General Câmara, 424, 3º andar

18h15 – Painel #OccupyWallStreet : Uma economia a serviço das pessoas
Local: Casa de Cultura Mário Quintana

Dia 27 de janeiro
9h – O controle corporativo do debate global sobre a crise climática e econômica: a luta global para desmantelar o poder das transnacionais
Local: Casa de Cultura Mário Quintana

13h – Alimentos – Produção – Consumo: Olhares das Mulheres sobre a Sustentabilidade
Local: Memorial do RS

17h – Conexões feministas: Nas Ruas e Na Rede!
Local: Casa de Cultura Mário Quintana

Dia 28 de janeiro
14h -  Assembléia dos Movimentos Sociais
Local: Usina do Gasômetro

17h -  Ato Publico Rumo à Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental – Contra a Mercantilização da Vida, em Defesa dos Bens Comuns!
Local: Usina do Gasômetro

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Marcha Mundial das Mulheres no Fórum Social Temático: Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental

Porto Alegre - 24 a 29 de janeiro de 2012

Fonte: panfleto da MMM para o Forum Social Temático
A Marcha Mundial das Mulheres é um movimento feminista internacional que luta para mudar o mundo e a vida das mulheres, integrando a construção dae igualdade e liberdade das mulheres às lutas por transformações globais na sociedade.

Frente à crise sistêmica que tem uma forte dimensão ambiental, o capitalismo se reapresenta com uma maquiagem verde, implementando mecanismos que fortalecem o mercado e retiram a soberania dos povos sobre seu território.

Existem muitos pontos em comum entre as estratégias e discursos de dominação da natureza, dos territórios e dos corpos das mulheres. Da mesma forma, existem paralelos entre a exploração da natureza, dos territórios e dos corpos das mulheres. Da mesma forma, existem paralelos entre a exploração da natureza e do tempo das mulheres: parecem inesgotáveis e flexíveis, e são usados como uma variável que pode ser ajustada fácil e continuamente, garantindo os lucros do mercado e a sustentabilidade da vida às custas do sobretrabalho das mulheres e da apropriação privada dos bens comuns.

No espaço do Fórum Social Temático, reforçaremos os processos de aliança dos movimentos sociais em luta contra o capitalismo que é racista e patriarcal, e que agora se apresenta maquiado de verde. A Assembléia dos Movimentos Soaciais será um momento para a construção da nossa agenda comum de lutas constra as transnacionais e por justiça climática e pela soberania alimentar, de enfrentamento à violência contra a mulher, e constra a guerra, o colonialismo e a militarização de nossos territórios.

Em 2012, essas lutas terão como momento de forte expressão a Cúpula dos Povos na Rio+20, os protestos contra o G8 e a OTAB, e o Fórum Social Palestina Livre!

Estamos em marcha contra a mercantilização da natureza, das nossas vidas e corpos. Afirmamos nossas alternativas desde a luta das mulheres: as verdadeiras soluções para a crise são construídas pelos povos!

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pela imediata responsabilização da TV Globo no caso BBB

Dois fatos muito graves ocorreram esta semana envolvendo o Big Brother Brasil. O primeiro foi com a participante Monique, que pode ter sido vítima de crime praticado por outro integrante do programa. O segundo foi a absurda atitude da TV Globo frente ao ocorrido. Em relação ao primeiro, cabe à polícia apurar e à justiça julgar, buscando ouvir os envolvidos, garantindo que eles estejam livres de pressões e constrangimentos. Já em relação ao segundo, é preciso denunciar a emissora e os anunciantes que sustentam o programa, e cobrar as autoridades do setor.

Frente a indícios de um possível abuso sexual contra uma mulher participante de um de seus principais programas, a Globo, além de não impedir a violência no momento em que ela poderia estar ocorrendo, tentou escamotear o fato, depois buscou tirar de circul ação as imagens e finalmente assumi u o ocorrido sem nomeá-lo. Na edição de domingo do programa, após todas as denúncias que aconteciam pela internet, ela transformou a suspeita de um crime em uma cena "de amor". O espírito da coisa foi resumido pelo próprio apresentador Pedro Bial: “o espetáculo tem que continuar”. A atitude é inaceitável para uma emissora que é concessionária pública há 46 anos e representa uma agressão contra toda a sociedade brasileira. 

Pelas imagens publicadas, não é possível dizer a extensão da ação e saber se houve estupro. A apuração é fundamental, mas o mais importante é o que o episódio evidencia. Em primeiro lugar, a naturalização da violência contra as mulheres, que revela mais uma vez a profundidade da cultura machista no país. No debate público, foram inúmeras as tentativas de atribuir à possível vítima a responsabilidade pela agressão, num discurso ainda inacreditavelmente frequente. O próprio diretor do programa, Boninho, negou publicamente que as imagens apontassem para qualquer problema.

Em segundo lugar, o episódio revela o ponto a que pode chegar uma emissora em nome de
seus interesses comerciais. A Globo fatura bilhões de reais anualmente pela exploração de uma concessão pública, e mostra, com esse episódio, a disposição de explorá-la sem qualquer limite nem nenhum cuidado com a dignidade da pessoa humana. O próprio formato do programa se alimenta da exploração dos desejos e das cizânias provocadas entre os participantes e busca explorar situações limite para conquistar mais audiência. Assim, o que aconteceu não é estranho ao formato do programa; ao contrário, é exatamente consequência dele.

Em terceiro lugar, fica evidente a ausência de mecanismos de regulação democrática capazes de apurar e providenciar ações imediatas para lidar com as infrações cometidas pelas emissoras. Como já vem sendo apontado há anos pelas organizações que atuam no setor, não há hoje regras claras que definam a responsabilidade das emissoras em casos como esse, nem tampouco instrumentos de monitoramento e aplicação dessas regras, como um Conselho Nacional de Comunicação ou órgãos reguladores.

Uma das poucas regras existentes para proteger os direitos de crianças e adolescentes – a classificação indicativa – está sendo questionada no STF, inclusive pela Globo. A emissora, que costuma tratar qualquer forma de regulação democrática como censura, é justamente quem agora pratica a censura privada para esconder sua irresponsabilidade. É lamentável que precise haver um fato como esse para que o debate sobre regulação possa ser feito publicamente.

Frente ao ocorrido, exigimos que as Organizações Globo e a direção do BBB sejam responsabilizados, entre outros fatos, por:

• Ocultar um fato que pode constituir crime;
• Prejudicar a integridade da vítima e enviar para o país uma mensagem de permissividade diante de uma suspeita de estupro de uma pessoa vulnerável; 
• Atrapalhar as investigações de um suposto crime;
• Ocultar da vítima as informações sobre os fatos que teriam se passado com ela quando estava supostamente desacordada.

É preciso garantir, no mínimo, multas vultuosas e um direito de resposta coletivo para as mulheres, que mais uma vez tiveram sua dignidade atingida nacionalmente pela ação e omissão da maior emissora de TV brasileira.

Os anunciantes do BBB – OMO (Unilever), Niely Gold, Devassa (Schincariol), Guaraná Antártica e Fusion (Ambev) e FIAT – também devem ser entendidos como co-responsáveis, e a sociedade deve cobrar que retirem seus anúncios do programa ou boicotá-los. Suas marcas estão ligadas a um reality show que, para além de toda a crítica sobre os valores que propaga à sociedade – da banalização do sexo e do consumo de álcool à mercantilização dos corpos – , permite a violação de direitos fundamentais.

Finalmente, é fundamental que o Ministério das Comunicações coloque em discussão imediatamente propostas para um novo marco regulatório das comunicações, com mecanismos que contemplem órgãos reguladores democráticos capazes de atuar sobre essas e outras questões.

Este é mais um caso cujas investigações não podem se restringir à esfera priva da e à conduta do participante suspeito. Exigimos que o Poder Executivo cumpra seu papel de fiscal das concessionárias de radiodifusão e não trate o episódio com a mesma "naturalidade" dada pela TV Globo. Esperamos também que o Ministério Público Federal se coloque ao lado da defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana e responsabilize a emissora pela forma como agiu diante de uma questão tão séria como a violência sexual contra as mulheres. 

Brasil, 18 de janeiro de 2012

FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Rede Mulher e Mídia
Articulação de Mulheres Brasileiras
Campanha pela Ética na TV
Ciranda
Coletivo Feminino Plural
Observatório da Mulher
Associação Mulheres na Comunicação - Goiânia
COMULHER Comunicação Mulher
HUMANITAS - Diretos Humanos e Cidadania
Marcha Mundial das Mulheres
Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
SOF – Sempreviva Organização Feminista
SOS Corpo - Instituto Feminista para a Democracia

Manifesto aberto a adesões de entidades e redes. Para aderir, escreva para imprensa@fndc.org.br

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Em marcha, nas ruas e na rede, até que todas sejamos livres!

Nota da MMM sobre o dia internacional de mobilização contra o S.O.P.A.



Companheiras,

Hoje (18/01) nosso site foi tirado do ar, por nós mesmas, das 8h as 20h, porque aderimo a um protesto contra o SOPA, projeto de lei que poderá ser aprovado nos Estados Unidos, no próximo dia 24 de janeiro.

Este projeto visa bloquear o acesso a sites e aplicações na Internet que sejam consideradas violadoras da propriedade intelectual norte-americana.

Se aprovado, nenhuma empresa sediada nos EUA poderá permitir o acesso a um site acusado de “roubar” imagem, vídeo, música, texto ou software de cidadãos ou corporações norte-americanas, sob pena de ser considerado um verdadeiro cúmplice. A lei exige que, em cinco dias, todas as referências a estes sites sejam apagadas. Isto quer dizer que se um blog for acusado de violar o copyright de algum americano, o Google e o Yahoo serão obrigados a deletar todas as referências a ele. Também a Wikipedia deverá suprimir todos os links que teriam para este blog, mesmo que os enlaces tratassem de outro tema.

Ou seja, apesar de o SOPA ser um projeto de lei Americano, não afetará apenas os Estados Unidos, pois o país concentra quase todos os serviços e sites que utilizamos diariamente, e que podem ser afetados tais como Youtube, Facebook, WordPress, Google, Gmail, Twitter, e muitos outros.

A Marcha Mundial das Mulheres é um movimento que luta pela liberdade das mulheres para decidir sobre sua vida, em todas as esferas. Somos fruto de uma história de construção feminista que compartilha ideias e práticas, recombina ações, citações e processos a partir da realidade e experiência das mulheres de todas as partes do mundo. Não somos criminosas por compartilhar músicas ou imagens que nos inspirem a seguir em luta contra o machismo, ou por traduzir, legendar e difundir vídeos produzidos nos Estados Unidos, ou por recombinar imagens e produzir um cartaz que sintetize nossa visão política.

As produções intelectuais de todo o mundo dependem do trabalho de milhões de mulheres com a produção do viver, com o trabalho doméstico e de cuidados que produz e reproduz a vida todos os dias. Nos Estados Unidos, quase todos os produtores supercriativos da indústria cinematográfica têm sua casa limpa por uma mulher, muitas vezes imigrante, negra e ilegal. Sabemos que este trabalho invisível, também realizado por mulheres de maneira gratuita, é fundamental para a criatividade e inovações em todo o mundo.

A luta contra o machismo é a luta cotidiana pela construção da liberdade.

Estamos em luta pela liberdade das ideias e pela internet livre. Mas também queremos uma internet livre do machismo, em que as mulheres não sejam alvo de violência sexista, que não sejam perseguidas por sua sexualidade e que não sejam tratadas como objeto.

Seguiremos em marcha, nas ruas e na rede, até que todas sejamos livres!

Mais informações sobre o SOPA podem ser encontradas em www.meganao.wordpress.com


sábado, 14 de janeiro de 2012

Não à MP 577/2011 MS! Em defesa da vida das mulheres!

No dia 26/12/2011, o Ministério da Saúde publicou a Medida Provisória 557/2011, que institui o Sistema Nacional de Cadastro, Vigilância e Acompanhamento da Gestante e Puérpera para Prevenção da Mortalidade Materna que prevê um cadastro universal das gestantes e puérperas buscando identificar as que estão com gestação de risco. Segundo o Ministério da Saúde essa iniciativa visa a responder a uma preocupação de que os municípios e Estados fortaleçam sua intervenção e garantam a realização de uma atenção eficaz e humanizada como parte do esforço de redução da mortalidade materna a níveis aceitáveis segundo a OMS. É conhecida a gravidade dos índices de mortalidade materna no Brasil, seu corte de classe e raça e, portanto, a urgência que uma Política Integral de Atenção à Saúde da Mulher priorize essa questão.

No entanto a edição desta MP levanta várias dúvidas quanto à sua adequação e se, de fato, é necessário criar esse tipo de mecanismo e, mais ainda, por meio de um dispositivo de Medida Provisória. Em primeiro lugar chama a atenção de maneira contundente o fato de que ela mexe na lei geral que organiza o sistema de saúde (Lei 8080 de 1990) para introduzir na legislação a questão dos direitos do nascituro. A introdução da idéia de direitos do nascituro tem sido, ao longo de várias décadas, uma questão central na disputa realizada pelos setores que buscam restringir os direitos das mulheres à autodeterminação e autonomia em relação à maternidade. Um debate que se contrapõe não apenas ao movimento de mulheres, mas a todos os setores progressistas que reconhecem a importância de se resguardar e reafirmar o direito das mulheres frente às tentativas constantes de introduzir esta contraposição no ordenamento legal brasileiro.

Não é pouco lembrar que, até agora, o marco principal é a Constituição brasileira onde prevaleceu o direito à vida desde o nascimento e os direitos das mulheres enquanto gestantes, recusando-se essa noção movida principalmente por influências religiosas conservadoras. O mais preocupante, portanto, é que a MP 557/2011, introduz a figura do nascituro como portador de direitos, quando é fato que esse não existe fora do corpo da gestante.

O fato é que esses setores retrógrados não conseguiram introduzir essa questão na legislação no Brasil até o momento, ainda que nos últimos anos tenha se acirrado a pressão para se definir os direitos das pessoas, e neste caso em especial das mulheres pela ótica de ideologias religiosas conservadoras. É inaceitável que isso seja realizado pelo Ministério da Saúde e a partir de uma questão tão sensível como propostas de redução da mortalidade materna. Com isso, o Ministério assume a linguagem dos setores reacionários, o que é inadmissível, e retrocede no processo de acúmulo que o SUS representa em termos de uma concepção de saúde vinculada ao pleno exercício de direitos.

Evidentemente o caráter persecutório da MP torna-se mais forte pelo fato de que no Brasil as mulheres são criminalizadas pela realização do aborto. Nos últimos anos há uma ofensiva conservadora e aumento da perseguição e criminalização das mulheres, inclusive com a interdição policial de clínicas, com a utilização de prontuários e registros das usuárias. As mulheres não podem exercer sua autonomia diante de uma gravidez indesejada e ficam expostas a riscos para sua saúde, sua integridade física e liberdade.

É evidente que o cadastro proposto é universal e compulsório, como se pode ler no texto da MP. Se é possível tomar medidas para que isso não seja utilizado como mais um instrumento de restrição de liberdade das mulheres em sua vida reprodutiva, os argumentos do Ministério da Saúde de que “universal” não se confunde com “compulsório” só faz sentido se isso corresponde a uma sugestão do Ministério de que as mulheres não procurem os serviços de saúde! Aliás, todas nós esperamos e queremos um atendimento integral à saúde das mulheres e que todas possam estar inscritas no sistema de saúde. O que torna, portanto, mais estranha e incompreensível a necessidade de tal cadastro específico de gestantes, mesmo considerando a problemática da mortalidade materna.

Desde o início da gestão, tem prevalecido nas ações do Ministério da Saúde uma perspectiva  conservadora que não leva em consideração a saúde integral das mulheres e está centrada fundamentalmente no aspecto materno infantil. Nesse sentido a MP é uma continuidade da rede cegonha e de uma visão redutora do papel das mulheres como mães e reprodutoras.

Também chama a atenção a introdução da proposta de um Comitê Gestor Nacional sem qualquer participação da sociedade civil, e principalmente de Comissões de Cadastro, Vigilância e Acompanhamento de Gestantes e Puérpuras de Risco quando na realidade já existe no sistema de saúde, com participação dos movimentos e da sociedade civil, os Comitês de Morbi-Mortalidade Materna, fruto da luta e reivindicação dos setores organizados como parte de toda uma luta dos movimentos sociais por um sistema de saúde público e com controle social. A proposta não segue o acúmulo do SUS, prevendo em sua composição apenas a participação de profissionais e gestores, e desconhece o papel do movimento organizado nesses instrumentos.

Finalmente, o enfrentamento da mortalidade materna exige enfrentar a terceira causa de mortalidade materna que é o abortamento inseguro. É amplamente conhecido que isso só será possível se for respeitada a autonomia das mulheres e o aborto diante de uma gravidez indesejada for parte da política de saúde pública.

É obrigação do Ministério da Saúde ter políticas de atenção à maternidade que busquem reduzir a morbi-mortalidade materna e para isso é necessário qualificar a assistência e garantir o acesso e acolhimento nas unidades e hospitais, tanto na regulamentação para o atendimento privado como nos serviços  sob responsabilidade da rede SUS.  Nesse sentido a o benefício de R$50,00 terá um papel importante para o deslocamento daquelas que têm dificuldade financeiras. Sua eficácia, entretanto, depende da existência de outras políticas sociais associadas. Mas, mais uma vez, não é isso o que justifica a edição desta medida provisória.

É urgente que o Ministério da Saúde retire essa MP e articule suas ações para redução da mortalidade materna em acordo com mecanismos e as diretrizes já previstos no SUS e nas Conferencias Nacionais de Saúde.

Por isto, nós, da Marcha Mundial das Mulheres, exigimos:
  •  Que o Ministério da Saúde retire a MP 577/2011 no sentido de   garantir a integralidade da saúde da mulher em consonância com seus direitos e   garantias individuais;
  • Que o Ministério da Saúde retome o debate sobre os direitos   sexuais e reprodutivos das mulheres e que o governo reafirme a autonomia   política das ações condizentes com os princípios do Estado Laico,   tomando  medidas sem se curvar para conservadorismos ou morais   religiosas;
  • Um compromisso explícito do governo de impedir todas as ações   de retirada de direito das mulheres nas políticas públicas;
  • Que o Ministério da Saúde e o governo federal em conjunto com   a sociedade civil enfrentem o debate do aborto inseguro e a necessidade de   políticas de atendimento às mulheres que decidem interromper uma gravidez   indesejada e, portanto, que o aborto seja descriminalizado e   legalizado.

Marcha Mundial das Mulheres

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Mobilizemos-nos junt@s a caminho da rio+20 e mais além

Fonte: MMM

Nós, organizações, redes e movimentos sociais, estamos envolvidos na construção da Cúpula dos Povos por justiça social e ambiental, contra a mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns, que se realizará no Rio de Janeiro, Brasil, entre 18 e 23 de junho de 2012, simultaneamente e na mesma cidade, da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (RIO+20). Fazemos um chamado à mobilização e coordenação das lutas por todo o planeta, para garantir que se cumpra com o direito de todos os povos, especialmente aqueles mais vulneráveis, a terem o direito de acesso à água, alimentos, energia, terra, sementes, território e meios de vida dignos, e para reivindicar os Direitos da Mãe Terra. Estamos construindo juntos, como atividade deste processo de articulação, a Assembléia Permanente dos Povos, a realizar-se no Rio.

Esta assembléia terá como desafio, fazer ouvir a voz das mulheres e homens, jovens e pessoas idosas, que dia-a-dia resistem ao avanço de um modelo de desenvolvimento por definição não sustentável, cuja desumanidade depredadora busca submeter cada aspecto da vida à ação do mercado, antepondo-se sempre a ganância de uns poucos ao bem viver do conjunto, forjando simultaneamente um rosto cada vez mais “verde” atrás do qual se esconde.

Foi durante a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio em 1992 – a chamada Cúpula da Terra, ou, Rio 92 – que uma mobilização social quase sem precedentes frente a conferência oficial viu nascer, entre outras coisas, a Convenção sobre a Diversidade Biológica e a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática.

São os princípios fundadores desta Convenção sobre a Mudança Climática: a responsabilidade histórica dos países industrializados pela mudança climática, dívida ecológica e climática, e, portanto, as responsabilidades comuns, porém diferenciadas para seu tratamento – que sofrem hoje como nunca os embates do capital mais concentrado em sua tentativa de converter a vida em um mercado a serviço de seus lucros. Depois dos marcantes retrocessos nas negociações climáticas de Copenhague (2009) e Cancun (2010), não há motivo para esperar resultados menos decepcionantes da COP17 em Durban (de 28 de novembro a 9 de dezembro de 2011). Também em seguida à COP10 da Convenção da Diversidade Biológica em Nagoya (2010), a mercantilização da natureza passou a ter lugar central ante a proposição dos chamados mecanismos financeiros inovadores que copiam a mesma lógica dos falidos mercados de carbono.

Porém, foi também na RIO 92, que o mundo corporativo começou a levantar a bandeira do “Desenvolvimento Sustentável” pois sabia da possibilidade de convertê-lo em um bom negócio. Esse mesmo conceito, complementado na RIO+10 por “responsabilidade social corporativa” e subvertido até o núcleo simultaneamente pela abertura neoliberal e desregulamentação e pela economia capitalista hegemônica do financiamento global, provocam hoje, estragos na vida dos povos do planeta e ameaçam com impactos ainda piores. E é esta agenda que se aprofunda através de mecanismos e políticas de ajuste estrutural da chamada “economia verde”. Tal como a agenda neoliberal de privatizações de serviços públicos nos anos 90, vem a liberalizar a Natureza e seu acesso por parte dos mercados, dividindo em componentes – como o carbono, a biodiversidade ou os serviços ambientais – para gerar ao mesmo tempo títulos de especulação financeira, o controle corporativo, a perda da soberania alimentar e o esvaziamento dos territórios.

Frente a esta realidade, precisamos converter o RIO+20 em um processo mundial de forte mobilização, que confronte a realidade de um sistema de morte que busca perpetuarse a qualquer custo e fortalecer as lutas e resistências por nossa sobrevivência através da construção de alternativas não-capitalistas como a soberania alimentar. A continuidade e a profundidade das atuais crises, seu caráter sistêmico e cada vez mais militarizado e violento, a falta de respostas adequadas dos governos e o seqüestro dos processos de negociação multilateral por parte dos interesses geopolíticos e corporativos, vão marcando de maneira urgente a necessidade de construção deste espaço próprio, pural, democrático e autônomo, com uma mensagem contundente e realizações concretas capazes de reverberar não só nossas denúncias e demandas, mas também ser um multiplicador de nossa criatividade e solidariedade, força e esperança.

Frente a enorme festa das falsas soluções que grandes corporações, bancos e entidades financeiras internacionais e os governos cúmplices estão preparando para o RIO+20 com o fim de consolidar um capitalismo reverdecido como única resposta ante as múltiplas crises por eles mesmos desatados – crise econômica, ecológica, alimentar, energética, democrática, climática, de direitos, de gênero, enfim, crises civilizatórias, a Cúpula dos Povos terá o desafio de articular e desenhar as verdadeiras soluções que estão sendo construídas pelos povos, no campo, nos bosques, nas fábricas, nas comunidades, nos bairros, nas escolas e outros lugares de trabalho e de convivência.

Convocamos então a envolvermos neste processo e a mobilizarmos em cada lugar a caminho do RIO+20, impulsionando campanhas e iniciativas de debate e formação, de ampliação de plataformas de estratégia e ação conjunta, de coordenação e apoio solidário entre as lutas concretas e as demandas aglutinadoras.

Convocamos aos povos e movimentos em luta contra todas as formas de exploração, depredação e dominação, a unirmos conosco em uma Assembléia permanente dos Povos, onde afirmaremos nossos direitos e os da Natureza frente à mercantilização da vida e o “esverdiamento” do capitalismo, baixo a retórica da “economia verde”.

Através dos testemunhos e análises, os intercâmbios e a solidariedade, a mobilização e as ações concretas, o desafio será ainda de fortalecer as lutas presentes e convocar a novas ações e iniciativas, geradoras de novas plataformas de unidade. Nesse sentido, na Assembléia permanente dos Povos, os afetados e afetadas, os verdadeiros credores das dívidas sociais e financeiras, ecológicas e climáticas, democráticas e de gênero – que ao longo de seu desenvolvimento vem acumulando o capitalismo, o patriarcado, o imperialismo, o racismo, e o antropocentrismo – terão o desafio de contribuir significativamente na coordenação dos nossos diversos esforços por construir economias e sociedades não capitalistas, justas e equalitárias, em harmonia entre tod@s e com a Natureza, superando a fome, o empobrecimento, a exploração e a opressão, acumulando sobre a base de múltiplas lutas em curso e ajudando a nos prepararmos para confrontar os desafios estratégicos dos próximos tempos.

Se realizarão ainda, atividades auto-gestionadas em torno de aspectos vitais do processo de transformação sistêmica e civilizatória, buscaremos conhecer e apoiar diretamente as lutas da população do Rio de Janeiro, e de todos os lugares, em seus esforços de sobrevivência contra a investida do capitalismo e seu marketing verde, incluindo os mega-eventos, açambarcamento de terras, os mega-projetos, os mecanismos chamados de desenvolvimento limpo e outras tantas siglas e nomes enganosos como REDD, REDD+, biocombustíveis, denunciaremos aos responsáveis, organizaremos ações diretas e também, como corresponde, celebraremos a vida e a esperança que nascem e se nutrem de nossas lutas e conquistas.

Chamamos a nos mobilizar para construir a Cúpula dos Povos por justiça social e ambiental contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns, e a Assembléia permanente dos Povos, com base nas múltiplas lutas em curso, em defesa da vida, da soberania – alimentar, energética, financeira, territorial, política -, a autodeterminação e a igualdade e a defesa dos direitos humanos e da natureza, anallizando as origens da presente crise e das novas organizações e redes sociais para assegurar que o RIO+20 se converta em uma grande mobilização popular que fortaleça as bases locais, regionais e mundiais necessárias para enfrentar a avançada verde do capitalismo. RIO+20 tem que ser um ponto de partida para uma sociedade mais justa e mais solidária.

04 de dezembro de 2011

Esperamos vocês para construir juntos e juntas!

A vida não se vende, se defende!
Somos os povos os credores!
Globalizemos a luta, globalizemos a esperança!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Alianza de Pueblos del Sur Acreedores de la Deuda Ecológica – Amigos de la Tierra América Latina y el Caribe
– Convergencia de Movimientos de los Pueblos de las Américas – Coordinadora Andina de Organizaciones Indígenas – Grassroots Global Justice – Grito Continental de los Excluid@s – Jubileo Sur/Américas – Marcha Mundial de las Mujeres – Movimiento Mundial por los Bosques – Oilwatch – Via Campesina
Aliança dos Povos do Sul Credores da Dívida Ecológica – Amigos da Terra América Latina e do Caribe – Convergência de Movimentos dos Povos das Américas – Coordenadora Andina de Organizações Indígenas – Grassroots Global Justice – Grito Continental dos Excluídos – Jubileu Sul/Américas – Marcha Mundial das Mulheres – Movimento Mundial pelos Bosques – Oilwatch – Via Campesina


Para juntar-se, convidamos a comunicar-se através de: movilizacion.rio20@gmail.com